Ao luar, entre as diatribes da luz Das coisas, das sombras esmaecidas Recordo agora, havia biliões de rosas Vermelhas, quase todas se tida jus Houvesse no dizer, caídas, esquecidas Entre as estantes, sobre as mesas Acocoradas aos cantos, acetinadas Folhas entre as demais páginas Espelhando os sentidos nos sentires Embora eu, ao ver-te assim repartida Clonada pela refracção das lágrimas Te fizesse em absoluto reflectida, Cuidasse serem cada qual tu apenas Noutra forma desigual às pequenas Surgidas dos canteiros e jardins Dos beirais, esquinas, nuvens, sebes Alucinação de louco entre querubins Não destrinçando minha sede das sedes Que todas as flores, lírios, jasmins Orquídeas, hortênsias, cravos, alecrins Estevas, afinal, que todas por igual têm Achando a minha maior, mais imperiosa Como nenhuma outra, e que mais ninguém Tivera já, ao ver em tudo e todos só rosas Rosas, e rosas, e rosas de pétalas acesas Simplesmente porque tu as foste ou és Entre as estantes, os arcos, as devesas Sentada, caminhando, sobre cadeiras Nas muralhas, claustros e seteiras Arrumando o carro na berma da estrada Descendo a rua ou subindo a escada Entrando na sala de aula na tua escola Vindo do café, lendo revistas ou tão-só Navegando na Net e ouvindo meu dó Pedido não trinado por qualquer viola Mas antes no desmedido obstinado De um coitado ansiando pela esmola Da tua atenção, do teu tempo e olhar Insistindo, porém insistido no rimado Exagero requerido de poemas a dançar Numa roda de dizeres repetidos sem fim Na crença tida que ao ver-te em todo lado Tu venhas um dia, enfim, a reparar em mim.
Todavia acordado, até no quotidiano viver Durante as tarefas como nas conversas tidas Ao fazer as compras nos hipermercados Quando pelo autocarro espero, subo, desço Escrevo recados, de manhã ou ao entardecer Avalio as escritas passadas já imprimidas Descoso as entretelas de filmes visados Arrumo a casa, lavo a louça, e no avesso De mim me viro para corar o íntimo ser, Então, continuo a ver rosas onde rosas via Flores atrás de flores a cada hora, cada dia Segundo a segundo a cada e todo o instante Feitas de jade, porcelana, diamante Esmeraldas, quartzos, pérolas, rubis Quer nas velas sobre o oceano navegante Quer nas serras e descampados primaveris.
Estendidas sobre toalhas das praias e areais Na relva das piscinas campestres e barragens Nos rios, tombadilhos de barcos, nas carruagens Do Metro, discotecas, esplanadas, jornais E revistas, em fotos e quadros e textos originais De poetas inéditos como dos clássicos antigos Que mais não escreveram do que palimpsestos Dos meus, envelhecendo-lhe eras e contextos Dando-lhe atmosferas idas e velhos artigos Ou arcaicas cantigas de amigos e madrigais.
Pois bem: a essas flores, oriundas das cascatas Das ondas, numa vaga de espuma e incenso Tão vivazes, ríspidas, vagabundas e insensatas Amei-as todas, por causa de uma, em que penso!
Sujeição Ante o Resultado Acontecido...
ResponderExcluirAo luar, entre as diatribes da luz
Das coisas, das sombras esmaecidas
Recordo agora, havia biliões de rosas
Vermelhas, quase todas se tida jus
Houvesse no dizer, caídas, esquecidas
Entre as estantes, sobre as mesas
Acocoradas aos cantos, acetinadas
Folhas entre as demais páginas
Espelhando os sentidos nos sentires
Embora eu, ao ver-te assim repartida
Clonada pela refracção das lágrimas
Te fizesse em absoluto reflectida,
Cuidasse serem cada qual tu apenas
Noutra forma desigual às pequenas
Surgidas dos canteiros e jardins
Dos beirais, esquinas, nuvens, sebes
Alucinação de louco entre querubins
Não destrinçando minha sede das sedes
Que todas as flores, lírios, jasmins
Orquídeas, hortênsias, cravos, alecrins
Estevas, afinal, que todas por igual têm
Achando a minha maior, mais imperiosa
Como nenhuma outra, e que mais ninguém
Tivera já, ao ver em tudo e todos só rosas
Rosas, e rosas, e rosas de pétalas acesas
Simplesmente porque tu as foste ou és
Entre as estantes, os arcos, as devesas
Sentada, caminhando, sobre cadeiras
Nas muralhas, claustros e seteiras
Arrumando o carro na berma da estrada
Descendo a rua ou subindo a escada
Entrando na sala de aula na tua escola
Vindo do café, lendo revistas ou tão-só
Navegando na Net e ouvindo meu dó
Pedido não trinado por qualquer viola
Mas antes no desmedido obstinado
De um coitado ansiando pela esmola
Da tua atenção, do teu tempo e olhar
Insistindo, porém insistido no rimado
Exagero requerido de poemas a dançar
Numa roda de dizeres repetidos sem fim
Na crença tida que ao ver-te em todo lado
Tu venhas um dia, enfim, a reparar em mim.
Todavia acordado, até no quotidiano viver
Durante as tarefas como nas conversas tidas
Ao fazer as compras nos hipermercados
Quando pelo autocarro espero, subo, desço
Escrevo recados, de manhã ou ao entardecer
Avalio as escritas passadas já imprimidas
Descoso as entretelas de filmes visados
Arrumo a casa, lavo a louça, e no avesso
De mim me viro para corar o íntimo ser,
Então, continuo a ver rosas onde rosas via
Flores atrás de flores a cada hora, cada dia
Segundo a segundo a cada e todo o instante
Feitas de jade, porcelana, diamante
Esmeraldas, quartzos, pérolas, rubis
Quer nas velas sobre o oceano navegante
Quer nas serras e descampados primaveris.
Estendidas sobre toalhas das praias e areais
Na relva das piscinas campestres e barragens
Nos rios, tombadilhos de barcos, nas carruagens
Do Metro, discotecas, esplanadas, jornais
E revistas, em fotos e quadros e textos originais
De poetas inéditos como dos clássicos antigos
Que mais não escreveram do que palimpsestos
Dos meus, envelhecendo-lhe eras e contextos
Dando-lhe atmosferas idas e velhos artigos
Ou arcaicas cantigas de amigos e madrigais.
Pois bem: a essas flores, oriundas das cascatas
Das ondas, numa vaga de espuma e incenso
Tão vivazes, ríspidas, vagabundas e insensatas
Amei-as todas, por causa de uma, em que penso!