domingo, 1 de agosto de 2010


Esse Prêmio Sunshine Award ganhei da amiga, Lurdinha do blog:

http://poesiascaminhosdavida.blogspot.com/

Tem umas regras, mas vou fugir delas assim fica aqui esse
prêmio para quem quizer levar.

Obrigada amiga!

Um comentário:

  1. Sujeição Ante o Resultado Acontecido...

    Ao luar, entre as diatribes da luz
    Das coisas, das sombras esmaecidas
    Recordo agora, havia biliões de rosas
    Vermelhas, quase todas se tida jus
    Houvesse no dizer, caídas, esquecidas
    Entre as estantes, sobre as mesas
    Acocoradas aos cantos, acetinadas
    Folhas entre as demais páginas
    Espelhando os sentidos nos sentires
    Embora eu, ao ver-te assim repartida
    Clonada pela refracção das lágrimas
    Te fizesse em absoluto reflectida,
    Cuidasse serem cada qual tu apenas
    Noutra forma desigual às pequenas
    Surgidas dos canteiros e jardins
    Dos beirais, esquinas, nuvens, sebes
    Alucinação de louco entre querubins
    Não destrinçando minha sede das sedes
    Que todas as flores, lírios, jasmins
    Orquídeas, hortênsias, cravos, alecrins
    Estevas, afinal, que todas por igual têm
    Achando a minha maior, mais imperiosa
    Como nenhuma outra, e que mais ninguém
    Tivera já, ao ver em tudo e todos só rosas
    Rosas, e rosas, e rosas de pétalas acesas
    Simplesmente porque tu as foste ou és
    Entre as estantes, os arcos, as devesas
    Sentada, caminhando, sobre cadeiras
    Nas muralhas, claustros e seteiras
    Arrumando o carro na berma da estrada
    Descendo a rua ou subindo a escada
    Entrando na sala de aula na tua escola
    Vindo do café, lendo revistas ou tão-só
    Navegando na Net e ouvindo meu dó
    Pedido não trinado por qualquer viola
    Mas antes no desmedido obstinado
    De um coitado ansiando pela esmola
    Da tua atenção, do teu tempo e olhar
    Insistindo, porém insistido no rimado
    Exagero requerido de poemas a dançar
    Numa roda de dizeres repetidos sem fim
    Na crença tida que ao ver-te em todo lado
    Tu venhas um dia, enfim, a reparar em mim.

    Todavia acordado, até no quotidiano viver
    Durante as tarefas como nas conversas tidas
    Ao fazer as compras nos hipermercados
    Quando pelo autocarro espero, subo, desço
    Escrevo recados, de manhã ou ao entardecer
    Avalio as escritas passadas já imprimidas
    Descoso as entretelas de filmes visados
    Arrumo a casa, lavo a louça, e no avesso
    De mim me viro para corar o íntimo ser,
    Então, continuo a ver rosas onde rosas via
    Flores atrás de flores a cada hora, cada dia
    Segundo a segundo a cada e todo o instante
    Feitas de jade, porcelana, diamante
    Esmeraldas, quartzos, pérolas, rubis
    Quer nas velas sobre o oceano navegante
    Quer nas serras e descampados primaveris.

    Estendidas sobre toalhas das praias e areais
    Na relva das piscinas campestres e barragens
    Nos rios, tombadilhos de barcos, nas carruagens
    Do Metro, discotecas, esplanadas, jornais
    E revistas, em fotos e quadros e textos originais
    De poetas inéditos como dos clássicos antigos
    Que mais não escreveram do que palimpsestos
    Dos meus, envelhecendo-lhe eras e contextos
    Dando-lhe atmosferas idas e velhos artigos
    Ou arcaicas cantigas de amigos e madrigais.

    Pois bem: a essas flores, oriundas das cascatas
    Das ondas, numa vaga de espuma e incenso
    Tão vivazes, ríspidas, vagabundas e insensatas
    Amei-as todas, por causa de uma, em que penso!

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